Recordes, recordes e mais recordes.
A gente está sempre tentando bater recordes. Do momento em que acordamos até a hora de dormir. Atrasados, escovamos os dentes em sete segundos, engolimos uma torrada com geleia para não perder uma reunião, ou contamos a mentira mais deslavada do universo para o nosso chefe, justificando o atraso daquele relatório. Há diversos tipos de recordes. Uns impressionantes, outros bizarros. Alguns louváveis, outros desnecessários e ainda os que mais parecem histórias de pescador. Essa necessidade toda de recorde traduz um pouco da essência do ser humano. De inventar e de se reinventar, de querer fazer e acontecer, de ir até onde ninguém foi. O que você vai encontrar no Almanaque dos Recordes- Edição Especial Pais- são algumas das façanhas e as incríveis histórias de pais deste Brasil. Bom, é melhor ir terminando por aqui, sob pena de criar mais um recorde, com o texto mais prolixo que você já leu.
Pai Recordista: Em dar duro no trabalho.
Dizem que o Luís Peres, de São Paulo, é workaholic. Mas não foi por causa do seu trabalho que ele entrou para este Almanaque. Ele é o homem que mais longe foi por um desejo de uma grávida. Eram duas da manhã quando sua mulher cismou que precisava comer romã silvestre. E tinha que ser colhido no pé. Luís pegou o carro e foi a Ibiuna, onde vivia Nakamura, um produtor japonês de romãs silvestres. O filho de Luís se chama Marcelo e, felizmente, não tem cara de romã silvestre.
Pai Recordista: Em invenções na cozinha.
Numa noite chuvosa de inverno, Pedro Machado, de Porto Alegre, bateu um recorde inusitado. Fez uma sopa com o maior número de ingredientes que se tem notícia. Sozinho em casa, ele teve que preparar o jantar das crianças e não teve dúvida: abriu a geladeira e começou a fazer estranhas combinações. Cebola, batata, azeitonas, rabanete, abóbora, aspargos, repolho, ovo, manjericão, e até requeijão. Se a sopa ficou boa? Bom, isso já é outra história.
Pai Recordista: Em curtir a vida.
Julio Heleno, do Rio de Janeiro, acaba de conseguir um feito inédito. Foi o homem que completou a viagem mais longa em companhia da sogra. Foram oito mil quilômetros de carro pela América do Sul. Alguns dos seus amigos alegam que ele precisa ser elevado imediatamente à categoria de santo. Quem ficou feliz com esta viagem foi a pequena Bruna, de apenas 2 anos. Ela só dorme quando a avó canta a musiquinha do sapo.
Pai Recordista: Em grandes comemorações.
A maior festa do mundo em espaço reduzido foi dada por Alaor Santos, em Bauru. Ele conseguiu o feito de colocar na sua kitnet 197 pessoas. Convidados que estiveram presentes contam que o evento foi único, sublime, definindo a tal noite como a mais incrível já vivida na Terra. O motivo da festa era nobre: comemorar a paternidade de trigêmeos, que estavam por vir. Hoje, os meninos já estão com 1 ano e a kitnet parece estar ficando pequena.
A família mais autêntica do mundo.
Horácio Caldas, de Salvador, bateu o recorde em nome de toda a sua família. Ele é o homem que possui a família mais diversa do planeta. Ele é baiano, sua mulher é dinamarquesa, um filho foi adotado na Ucrânia e o outro na Guatemala. O cachorro é um Dog Alemão e o gato Persa. O papagaio, segundo o próprio animal, é da Costa Rica, mas eles andam desconfiados que o sotaque do pássaro possa indicar uma descendência portuguesa. Eles são uma família muito unida, exceto em ano de copa do mundo, quando a paixão fala mais alto e a casa vira uma gritaria.
O mais engraçadinho do escritório.
Dênis Araújo, de Aracaju, acaba de entrar para este Almanaque como o homem que contou a piada sobre tecnologia mais engraçada do universo. Foi mais ou menos assim: ele estava no escritório quando viu uma máquina de escrever velha num canto da sala. Ele sorriu e disse: " aquilo que é computador avançado: enquanto o sujeito digita, ele já vai imprimindo." Os mais novos não entenderam, pois nunca tinham visto uma máquina de escrever. Mesmo assim. Dênis foi o vencedor da categoria. Se você também não entendeu a piada, escreva para almanaquedosrecordes@almaque.com.br.
O recorde mais incrível da história.
Caio Almeida, de Vitória, no Espirito Santo, achou que jamais fosse figurar num almanaque de recordes. Ele foi o homem que mais tempo conseguiu manter um plástico-bolha com suas bolhinhas intactas. Foram 16,45 segundos de glória, interrompidos pela chegada e explosão em série das bolhinhas pelos seus 4 filhos. A mulher de Caio reclama que não teve chance de estourar nenhuma e já mandou o marido comprar uma nova TV, só para poder estourar o plástico-bolha que vem na embalagem.
O pai mais habilidoso da história.
Quando o assunto é recorde, ninguém supera o Luís Augusto, de Montes Claros. Ele passou seis horas seguidas pesquisando no Google um jeito de acalmar o filho Lucas, de um ano, que não parava de chorar. Com uma mão ele segurava o menino e com a outra manejava o laptop. Segundo ele, é um recorde que superou o do seu próprio pai, que, na época, sem laptop e sem Google, teve que recorrer às enciclopédias. Agora, Luís Augusto tira de letra ler o jornal e brincar com o filho ao mesmo tempo.
O café mais especial do mundo.
Dulcídio Neves, de Sorocaba, está muito feliz de entrar para o Almanaque dos Recordes. Ele foi o homem que passou o café mais gostoso do Brasil. Bem, na verdade não foi ele, mas Chico, seu chipanzé amestrado. O macaco é especialista em tarefas domésticas e apaixonado pelo café brasileiro. Além de café, Chico gosta de fazer bolinho de chuva e doce de banana. Dulcídio disse que o excelente café deve-se à paixão que Chico coloca em tudo que faz, especialmente agora, que o adorável chipanzé está apaixonado por uma gorila que aparece todos os sábados no Canal Animal.
O vinho mais desejado do mundo.
Carlos Petraco, de Belo Horizonte, ficou muito satisfeito de entrar para o Almanaque dos Recordes. Mas lembrar da fatídica noite que o levou a este feito causa dor de cabeça em toda a família. Ele foi o homem que mais tempo levou para abrir uma garrafa de vinho: foram dezessete horas, quarenta e três minutos e vinte e três segundos. Culpa de um saca-rolhas que ele ganhou do cunhado. A ocasião era especial, o batizado do Théo, seu filho caçula. Ao final, quando a garrafa foi finalmente aberta, Carlos não se conteve. Bebeu um gole no bico daquele Malbec raro e derramou o resto na cabeça do seu cunhado.
O pai que mais chorou do Brasil.
Lédio Contrera, de Curitiba, ficou muito triste de ter entrado para o Almanaque dos Recordes. Também pudera, o recorde foi conquistado às custas do rebaixamento do seu time para a segunda divisão. Ele foi o homem que mais tempo ficou sentado em um sofá. Não durante o jogo, que durou 90 minutos, mas depois da partida, perplexo com o rebaixamento. Ele ficou quarenta e sete horas e trinta e quatro minutos imóvel no sofá. A mulher tentou de tudo, desde conversar ao pé do ouvido até usar uma lingerie sexy para seduzir o marido. Mas ele só saiu do sofá para correr atrás do vizinho, que passou em frente à sua casa gritando "ão,ão, ão, segunda divisão".
O maior porre sem álcool da humanidade
Josué Feltrin, de Boa Vista, em Roraima, acaba de conquistar um recorde espetacular. Ele é o homem que tomou o maior porre bebendo cerveja sem álcool. Os amigos aplicaram uma pegadinha e Josué bebeu e fez tudo o que tinha direito. Subiu em cima da mesa, fez discurso, abraçou a sogra, beijou o sogro e dançou tango com o seu Chiwawa. Josué só perdeu a esportiva quando os amigos contaram que a cerveja era sem álcool e que tudo havia sido filmado. Depois desse dia, Robert, o Chiwawa, só consegue dormir quando Josué coloca para tocar um CD de Carlos Gardel.
O maior encantador de tampinhas.
Celso Coimbra, de Recife, bateu um recorde e acabou perdendo alguns amigos. Ele foi o homem que mais tempo levou abrindo uma garrafa de cerveja de forma não convencional. Ele cismou de abrir a garrafa apenas esfregando o dedo na tampa. A ideia surgiu depois de uma viagem que ele fez ao Paraguai, onde assistiu a um show de ilusionismo. Depois de trinta e seis horas esfregando o dedo indicador na tampinha, ele conseguiu curvar o metal e abrir. Mas a cerveja já estava quente e os amigos já tinham ido embora.
O pai mais desequilibrado do estado.
Antônio Vieira, de Ouro Preto, foi escolhido por unanimidade para entrar para este Almanaque. Ele foi o homem que mais vezes tropeçou fazendo um curto trajeto. Foram sete vezes em apenas 120 metros de caminhada. Isso aconteceu quando ele caminhou da porta do hospital até a porta do quarto 286, número que jamais ele vai esquecer. Quem não conhece o Antônio e viu a cena pode tê-lo julgado, dizendo que ele estava bêbado. De certa maneira, isso é verdade. Ele estava mesmo embriagado. Mas o que ele tinha no sangue não era álcool, e sim a alegria de ser pai pela primeira vez.
Os personagens e as histórias contadas nesse Almanaque dos Recordes são imaginários. Qualquer semelhança com a realidade é uma mera coincidência.
Fonte: Prospecto que chegou em minhas mãos da Imaginarium.
PAI RECORDISTA
Em contar sempre a mesma piada.
Em emprestar o carro.
Em dormir em frente da tv.
Em obedecer a esposa.
Em cantar no chuveiro.
Retalhos no Mundo.
Complete a lista de Pai Recordista à vontade.
E Feliz Dias dos Pais para todos.
